O Contemporâneo, um ponto cinza ou Tempos de Fezes ?
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Ponto Cinzento
A ideia da complexidade é um
conceito permeado de multiplicidade semântica, não obstante em certas
teorizações podemos encontrar a complexidade enquanto agente antagônico da
totalidade sendo o ponto cinzento por si mesmo o ápice da complexidade já que a
simplicidade pode ser entendida como a complexidade resolvida (MERRELL,1997).
A ideia do ponto cinza surge aqui enquanto
simplificação da complexidade visto que o ponto cinzento representa o tíbio, o
não branco, não preto, o que não está. Ponto este cinzento não pelo ser ou pelo
não ser, mas por não estar em uma dimensão, o ponto cinzento não é intra, ele é
inter pois está entre mundos, temperaturas e cores. (MERRELL, 1977).
Desta forma, o ponto cinzento de
Merrell (1977) pode ser utilizado para perceber eventos no tempo espaço
passíveis de serem aplicados à análises envolvendo a quebras de paradigmas,
pontos de quebra, as Rupturas propostas por Serpa (1991) ou as “tensões
genético estruturais” – termo cunhado pelo geógrafo Ruy Moreira para se referir
a momentos históricos situados no limiar da mudança. Momentos estes que
costumam ser incômodos a quem os vivencia, ou como diria o Poeta Drummond em “A
Flor e a Náusea”: “O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e
espera.” O que todos esses eventos têm em comum é o seu ponto de ruptura, o
limiar entre um momento histórico e outro, um marco.
Assim como o conceito de
espacialidade diferencial de Yves Lacoste tal qual como em uma metáfora
trazendo a metáfora da quadra poliesportiva que contêm demarcações para os
diversos esportes em seu piso representando o espaço geográfico, nas relações
sociais, porém todos os jogos estariam ocorrendo ao mesmo tempo no
entrecruzamento entre os níveis de recorte.
Um contexto de tempo e espaço tão fluido e
interconectado como o que se vive. Tal cenário, que assim como o ponto cinzento
das intercessões está entre mundos e dimensões que está em constante movimento não sendo estanque ou estático sendo previsível e
imprevisível até certo ponto, visto que “Os futuros não realizados são apenas
ramos do passado: ramos secos” (CALVINO, 1990, p. 22), tendências ou
inclinações não devem ser tomadas como uma verdade absoluta, imutável e
dogmáticas, mas sim uma possibilidade.
4 comentários
Rafa, trazendo para o lado geográfico da coisa (kkkk), lembrei-me, ao ler sua reação sobre o contemporâneo, do mestre Milton Santos e toda a fluidez que ele disserta ser presente nesse nosso mundo globalizado. A globalização é nossa contemporânea e se encarrega de produzir essas velocidades da informação e tecnologia que vivemos.
ResponderExcluirAdemais, lembrei, também, do conceito de ''rugosidade'' proposto pelo mesmo autor. Neste conceito, existiriam determinadas formas no espaço geográfico que perderam sua função, e são um reflexo do passado. Ao mesmo tempo, já não fazem sentido no contemporâneo (visto que não são mais dotadas de função), mas ali estão. São do passado, mas encontram-se presas no presente...
Gabriela De Godoi Bento
Oi Rafael, este post foi feito no ano passado (está com data de 2020). Neste texto você apresenta conceitos de vários autores que nos ajudam a pensar os processos e relações sociais. Agora, procure fazer uma nova postagem atualizando/ancorando esses conceitos no contexto pandêmico.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirBoa Tarde pró, tive alguns problemas para postar anteriormente. Por fim consegui, há um post mais recente.
ExcluirObrigado