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O Contemporâneo, um ponto cinza ou Tempos de Fezes ?

23:26







Ponto Cinzento


A ideia da complexidade é um conceito permeado de multiplicidade semântica, não obstante em certas teorizações podemos encontrar a complexidade enquanto agente antagônico da totalidade sendo o ponto cinzento por si mesmo o ápice da complexidade já que a simplicidade pode ser entendida como a complexidade resolvida (MERRELL,1997).
 A ideia do ponto cinza surge aqui enquanto simplificação da complexidade visto que o ponto cinzento representa o tíbio, o não branco, não preto, o que não está. Ponto este cinzento não pelo ser ou pelo não ser, mas por não estar em uma dimensão, o ponto cinzento não é intra, ele é inter pois está entre mundos, temperaturas e cores. (MERRELL, 1977). 
Desta forma, o ponto cinzento de Merrell (1977) pode ser utilizado para perceber eventos no tempo espaço passíveis de serem aplicados à análises envolvendo a quebras de paradigmas, pontos de quebra, as Rupturas propostas por Serpa (1991) ou as “tensões genético estruturais” – termo cunhado pelo geógrafo Ruy Moreira para se referir a momentos históricos situados no limiar da mudança. Momentos estes que costumam ser incômodos a quem os vivencia, ou como diria o Poeta Drummond em “A Flor e a Náusea”: “O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.” O que todos esses eventos têm em comum é o seu ponto de ruptura, o limiar entre um momento histórico e outro, um marco.
 
  Assim como o conceito de espacialidade diferencial de Yves Lacoste tal qual como em uma metáfora trazendo a metáfora da quadra poliesportiva que contêm demarcações para os diversos esportes em seu piso representando o espaço geográfico, nas relações sociais, porém todos os jogos estariam ocorrendo ao mesmo tempo no entrecruzamento entre os níveis de recorte.
 Um contexto de tempo e espaço tão fluido e interconectado como o que se vive. Tal cenário, que assim como o ponto cinzento das intercessões está entre mundos e dimensões que está em constante movimento não sendo estanque ou estático sendo previsível e imprevisível até certo ponto, visto que “Os futuros não realizados são apenas ramos do passado: ramos secos” (CALVINO, 1990, p. 22),  tendências ou inclinações não devem ser tomadas como uma verdade absoluta, imutável e dogmáticas, mas sim uma possibilidade.

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4 comentários

  1. Rafa, trazendo para o lado geográfico da coisa (kkkk), lembrei-me, ao ler sua reação sobre o contemporâneo, do mestre Milton Santos e toda a fluidez que ele disserta ser presente nesse nosso mundo globalizado. A globalização é nossa contemporânea e se encarrega de produzir essas velocidades da informação e tecnologia que vivemos.
    Ademais, lembrei, também, do conceito de ''rugosidade'' proposto pelo mesmo autor. Neste conceito, existiriam determinadas formas no espaço geográfico que perderam sua função, e são um reflexo do passado. Ao mesmo tempo, já não fazem sentido no contemporâneo (visto que não são mais dotadas de função), mas ali estão. São do passado, mas encontram-se presas no presente...

    Gabriela De Godoi Bento

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  2. Oi Rafael, este post foi feito no ano passado (está com data de 2020). Neste texto você apresenta conceitos de vários autores que nos ajudam a pensar os processos e relações sociais. Agora, procure fazer uma nova postagem atualizando/ancorando esses conceitos no contexto pandêmico.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Boa Tarde pró, tive alguns problemas para postar anteriormente. Por fim consegui, há um post mais recente.
      Obrigado

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