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Provocações Liquidas

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Modernidade (s)

Provocações Liquidas:

 

  Estado, poder, símbolos, ressignificações. O que outrora era, e foi palpável, visível e tangível como o ferro, solido e tenaz como o aço, duro (cortante) como os diamantes, presentes nas brocas perfuratrizes Pollycrystalline Diamond Compact (PDC) que atuam em profundidade extraindo das entranhas da terra o combustível fóssil, até então grande símbolo de energia e poder chamado petróleo, pouco a pouco perdem força frente a fluidez e liquidez do mercado imaterial das criptomoedas decentralizadas e o consumo de experiências digitais, assim como a crescente atração pela possibilidade de conexão e desconexão em ambientes em rede.

 A modernidade liquida, pós-panóptica, amorfa e fluida vê-se mais uma vez em processo de mudança. Frente a um mundo pandêmico, pestilento e panicoso, desagradável e torturante, surgem novas formas de lucrar, seja sobre o medo e a morte, seja sobre a vida e a cura.

 A indústria fármaco faz-se globalmente presente, farmácias surgem aos montes, a cada esquina existe uma. Será que sociedade está, ou vive doente? As vacinas liquidas são apresentadas como solução fluida para tempos voláteis, o mundo já não é o mesmo de um ano atrás, as urgências são outras, mas qual será o próximo desafio?

   Os avanços na medicina, imunologia, microbiologia e telemedicina foram e estão sendo massivos ao longo do período pandêmico COVID- 19, avanços tecnológicos relacionados ao uso das redes, seja para o ensino ou trabalho remoto cresceram vertiginosamente. Por outro lado a precarização e super exploração da força de trabalho amplia-se ao passo em que os empregos formais sofrem reduções.

  De acordo com Bauman o ser humano é o único animal que sabe da transitoriedade e efemeridade de sua própria existência portanto viver o agora e o presente torna-se uma necessidade. Amizades do tipo Facebook com pessoas descartáveis, a atração pela desconexão facilita o aumento das distâncias entre o empregador e os empregados, os vínculos trabalhistas passam a ser cada vez menores, os ditos trabalhadores “autônomos” podem ser desligados a qualquer momento das grandes corporações e aplicativos aos quais estão afiliados, tudo na palma da mão, a distância de um clic, afinal, dominar sem se fazer presente é marca registrada das sociedades pós-panópticas, liquidas, efêmeras e voláteis.


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2 comentários

  1. Rafael, essas provocações líquidas suas remetem a ideia de quanto a velocidade é utilizada hoje para exercer um novo tipo de controle sobre as pessoas: esta sensação de estar sempre desatualizado diante das questões contemporâneas. Que possamos dar respostas ágeis a esse estado de coisas. Abraços

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  2. Pois é Rafael, a palavra mais utilizada no sistema capitalista neoliberal é "flexibilidade" - das leis, das relações, do mercado... Essas são estratégias utilizadas pelo sistema para atualizar-se e aumentar os níveis de exploração (dos recursos e do trabalho) e de lucro. O próprio sistema financeiro se torna líquido e global para agilizar ainda mais esses processos de exploração. O que sustenta tudo isso? O avanço das tecnologias digitais - desenvolvidas, financiadas, impulsionadas pelo próprio sistema capitalista. Agora, elas podem ser utilizadas para empreender ações de contra-hegemonia, para o desenvolvimento de ações que façam frente a esse sistema... Que possamos fazer o enfrentamento!

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