Brasil, uma Colônia Digital.
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Disciplina: EDCA33- EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E
TECNOLOGIAS
Discente: Rafael Pepe de
Araújo Góes
TI nas Escolas Recursos Educacionais Abertos
(REA) - Plataformização da Educação
Brasil, uma Colônia Digital.
O uso das Tecnologias da Informação (TI) nas
escolas brasileiras não é algo novo, no entanto, houve, recentemente uma maior
democratização de seus usos, tanto por e nas escolas particulares que ao longo
das últimas décadas mantiveram-se, de maneira geral atento e conectados as
inovações, como nas escolas e instituições de ensino público no Brasil.
O uso das
tecnologias da informação, inovações e recursos ligados ao universo digital nas
instituições de ensino podem funcionar como grandes aliados, potencializando os
processos educacionais, podendo ser aliados a democratização da educação no
pais, sobretudo em tempos pandêmicos, onde o distanciamento social faz-se
necessário para a proteção de toda a sociedade.
Sendo
assim, as tecnologias da informação e seus usos não necessariamente consistem
em algo nocivo e ou benéfico, por sua vez a intencionalidade na escolha dos
recursos educacionais, plataformas, softwares e hardwares utilizados pelas instituições
publicas estão intimamente relacionados a interesses ideológicos e comerciais.
Manter a autonomia de instituições públicas,
sobretudo no que diz respeito a segurança de dados e dos dados sobre dados, os
metadados. Exige investimentos, tanto em pesquisa quanto em desenvolvimento,
aplicação, proteção e capital humano. Por conta dos diversos cortes federais,
estaduais e municipais muitas instituições de ensino precisam enxugar seus
gastos. Se por um lado manter sistemas próprios, ter autonomia sobre dados é
oneroso e aparentemente um “gasto” desnecessário, instituições hegemônicas ligadas
ao mundo digital e ao desenvolvimento de softwares, e plataformas oferecem de
forma “gratuita” seus sistemas, formatos e modelos as instituições, muitas
vezes com incentivos e “doações” de materiais.
Dessa forma
muitas Universidades Federais e Estaduais, assim como escolas municipais e
instituições de ensino, percebem tais “ofertas” enquanto oportunidades de reduzir
seus gastos e receber apoio. Nas primeiras décadas do século XXI informações que
anteriormente eram desprezadas pelos desenvolvedores das redes, passou a ser compreendida
como informações valiosas, fazendo do Brasil uma colônia digital, onde dados
são coletados, processados e vendidos, a autonomia e soberania nacional
diminuem, abrindo espaço para o neocolonialismo político, social e ideológico.
Os dados
gerados em rede por cada indivíduo, cada acesso, tempo de pesquisa, interesses e
buscas, fornece informações preciosas a respeito do comportamento humano, esses
dados sobre os dados vão além da privacidade individual, ela permeia a
privacidade coletiva, visto que tais informações são utilizadas por grandes
corporações para traçar perfis comportamentais precisos sobre seus interagentes,
para então manipular, condicionar e induzir comportamentos, sejam eles em rede,
como compra On-line, seja no mundo físico, incentivando o interesse em consumo
dos mais diversos tipos, podendo, se necessário, influenciar comportamentos
políticos e sociais.
O
Capitalismo de vigilância utiliza a tecnologia de informação de forma a garantir
e ampliar lucros por meio dos dados obtidos sobre os comportamentos humanos, portanto
o alinhamento da educação com determinados agentes hegemônicos poderá influenciar,
controlar e induzir o sistema público a beneficiar instituições privadas.
Ao optar, em
abrir mão da autonomia sobre seus dados em detrimento às facilidades fornecidas
por grupos hegemônicos e seus programas e formatos de softwares proprietários o
país perde a segurança sobre seus dados, abrindo espaço para ataques e
estratégias de modulação e manipulação de agentes externos. O país como um todo
abre brechas, perdendo poder sobre a soberania nacional e a autonomia sobre políticas
públicas.
Contudo há
alternativas, o uso dos softwares livres, programas abertos e auditáveis de
licença aberta podem ser editados, copiados , reutilizados e remixados por quaisquer
indivíduos interessados, os Recursos Educacionais Abertos (REA) buscam a
promoção da autoria e podem ser adaptados as mais diversas realidades quando
necessário, possibilitando portanto um maior e mais amplo acesso a informações
e ao conhecimento diminuindo a dependência para e com empresas provadas ligadas
ao capitalismo de vigilância.
1 comentários
Pois é Rafael, além de tudo isso, também temos o risco da formação de uma cultura da dependência a esses sistemas, pelos jovens e crianças. E uma vez estando constituída a cultura, muito mais difícil o país superar o lugar de colônia, pois transformar cultura não é tarefa fácil e depende de muitas ações ao longo do tempo.
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