O Digi(&)tal engana ou mente?
09:56
Disciplina: EDCA33- EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E
TECNOLOGIAS
Discente: Rafael Pepe de
Araújo Góes
Capitalismo de vigilância e Tecnopolítica
O Digi(&)tal
engana ou mente?
Em
meio a grande diversidade de aparelhos tecnológicos presentes no dia a dia do
ser humano médio situado no contexto tempo espaço da segunda década do século
XXI, tanto existência como recorrência de tais aparatos são altamente
normalizados e normatizado. Computadores, tablets, smartphones e
até smarthouses fazem parte da realidade de indivíduos diversos ao redor
do mundo, conectando pessoas a pessoas a pessoas, pessoas a objetos e até mesmo
objetos a outros objetos (internet das coisas).
Não é
nenhuma novidade que a economia global está altamente conectada, mercados
financeiros funcionam de forma ininterrupta, enquanto uma bolsa de valores
encerra o seu funcionamento diário no ocidente, outra inicia suas atividades no
oriente, não obstante, as ações tramites e transações podem e são feitas
remotamente por clientes de quiser locais do globo em tempo real.
Com o passar dos anos as nuances do mercado e
o mundo capitalista com vistas a manter-se enquanto sistema vigente foram se adaptando
as novas realidades, com os grandes avanços tecnológicos, criação da internet e
sua posterior popularização nas décadas seguintes a forma de intender as
relações mercadológicas ganharam novas cores, ou melhor dizendo novas
combinações numéricas, especialmente a linguagem binária.
Historicamente a comoditização de mercadorias,
envolve processos nos quais determinado bem, que outrora fora raro, torne-se
abundante por meio do domínio de técnicas de produção e utilização da força de
trabalho, transformando a em mercadoria na lógica capitalista de produção. O
mercado transforma tudo em mercadoria, inclusive a nós mesmos, os humanos,
assim como nossas vidas privadas e experiências (ZUBOFF, 2019).
Ao
utilizarmos quaisquer aparelhos eletrônicos conectados à rede e ou conectados
entre si, seja em um ambiente on-line ou off-line geramos pistas, pegadas,
rastros. Diferente do que muitos pensam as grandes corporações e grupos hegemônicos,
start ups, programadores e criadores de software não estão interessados na
privacidade explicita de seus interagentes.
O que de fato interessa são os
dados gerados sobre dados, o tipo de comportamento em rede, tempo dedicado a
determinadas atividades, interesses, gostos, perfis de consumo, eleitoral, orientação
sexual. Tudo isso com vistas a gerar um maior impacto nos processos de venda,
propagandas comerciais são enviadas e criadas sob medida para cada perfil de
consumo com objetivos precisos, gerar o maior impacto possível no momento
adequado e propicio.
Ao ceder o aval requerido para o uso de
aplicativos ou aparelhos tecnológicos conectados a rede abre-se mão da privacidade
coletiva, informações sobre os comportamentos humanos são monetizadas,
vendidas, experimentadas (em nós mesmos) como um grande experimento sociológico
não consentido transformando assim a experiência privada em mercadoria pública.
Uma vez que, após pasteurizada e convertida
em meta dados as nuances do comportamento humano são utilizadas em processos
sutis para influenciar de forma continua e diária toda a sociedade, tal modus
operandi é capaz de condicionar e induzir comportamento, sejam eles de consumo,
políticos ou sociais, gerando por sua vez um grande abismo epistemológico entre
as empresas e seus consumidores resultando dos acessos desiguais ao
aprendizado, uma vez que as empresas tem acesso a todas as informações
possíveis sobre seus utilizadores enquanto aos consumidores lhes é dado nada
saber a respeito do que se sabe sobre eles, o chamado (BIG Other) o
grande outro (ZUBOFF, 2019).
Sendo assim, o que o que de fato está em jogo
não é a privacidade individual, ela também está em jogo, mas na atual conjuntura
o que é diariamente ameaçado é o direito de preservar o direito de escolha e o
libre pensar, o direito opiar e optar, por e em saber o que é feito com os dados
e que tipo de dados é gerado a respeito das informações coletadas sobre o comportamento
humano em rede para tornar claro os tipos e formas de influencias e induções a
quais a sociedade é constantemente submetida.
Bibliografias Consultadas:
ZUBOFF, Shoshana. .The Age of Surveillance Capitalism:
the fight for a human future at the new frontier of powerNova York:Public
Affairs,2019
ZUBOFF, Shoshana. (2015). “Big Other: Surveillance Capitalism and the
Prospects of an Information Civilization”. Journal
of Information Technology.
1 comentários
Pois é Rafael, como o digital é plástico, aberto às mais diversas reconfigurações, adaptações, interpretações, manuseios, criações, podemos fazer o que quisermos tendo o poder de operar com os dígitos. Daí o grande risco de ficar assujeitados aos grandes grupos econômicos, tecnológicos, políticos, que controlam o que consumimos, o que pensamos, o que queremos, o que aprendemos, com quem nos relacionamos. Isso já é suficiente para controlar toda a sociedade, mas tem mais... temos os conteúdos fakes também, que potencializam esse controle social. Estamos sob ataque, cercados, mas precisamos encontrar brechas, saídas que nos coloquem no lugar de protagonistas da história, sujeitos de nossa própria caminhada. E essas saídas são buscadas e construídas no coletivo!
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