Disciplina: EDCA33- EDUCAĂ‡ĂƒO, COMUNICAĂ‡ĂƒO E
TECNOLOGIAS
Discente: Rafael Pepe de
AraĂºjo GĂ³es
Capitalismo de vigilĂ¢ncia e TecnopolĂtica
O Digi(&)tal
engana ou mente?
Em
meio a grande diversidade de aparelhos tecnolĂ³gicos presentes no dia a dia do
ser humano médio situado no contexto tempo espaço da segunda década do século
XXI, tanto existĂªncia como recorrĂªncia de tais aparatos sĂ£o altamente
normalizados e normatizado. Computadores, tablets, smartphones e
atĂ© smarthouses fazem parte da realidade de indivĂduos diversos ao redor
do mundo, conectando pessoas a pessoas a pessoas, pessoas a objetos e até mesmo
objetos a outros objetos (internet das coisas).
NĂ£o Ă©
nenhuma novidade que a economia global estĂ¡ altamente conectada, mercados
financeiros funcionam de forma ininterrupta, enquanto uma bolsa de valores
encerra o seu funcionamento diĂ¡rio no ocidente, outra inicia suas atividades no
oriente, nĂ£o obstante, as ações tramites e transações podem e sĂ£o feitas
remotamente por clientes de quiser locais do globo em tempo real.
Com o passar dos anos as nuances do mercado e
o mundo capitalista com vistas a manter-se enquanto sistema vigente foram se adaptando
as novas realidades, com os grandes avanços tecnolĂ³gicos, criaĂ§Ă£o da internet e
sua posterior popularizaĂ§Ă£o nas dĂ©cadas seguintes a forma de intender as
relações mercadolĂ³gicas ganharam novas cores, ou melhor dizendo novas
combinações numĂ©ricas, especialmente a linguagem binĂ¡ria.
Historicamente a comoditizaĂ§Ă£o de mercadorias,
envolve processos nos quais determinado bem, que outrora fora raro, torne-se
abundante por meio do domĂnio de tĂ©cnicas de produĂ§Ă£o e utilizaĂ§Ă£o da força de
trabalho, transformando a em mercadoria na lĂ³gica capitalista de produĂ§Ă£o. O
mercado transforma tudo em mercadoria, inclusive a nĂ³s mesmos, os humanos,
assim como nossas vidas privadas e experiĂªncias (ZUBOFF, 2019).
Ao
utilizarmos quaisquer aparelhos eletrĂ´nicos conectados Ă rede e ou conectados
entre si, seja em um ambiente on-line ou off-line geramos pistas, pegadas,
rastros. Diferente do que muitos pensam as grandes corporações e grupos hegemônicos,
start ups, programadores e criadores de software nĂ£o estĂ£o interessados na
privacidade explicita de seus interagentes.
O que de fato interessa sĂ£o os
dados gerados sobre dados, o tipo de comportamento em rede, tempo dedicado a
determinadas atividades, interesses, gostos, perfis de consumo, eleitoral, orientaĂ§Ă£o
sexual. Tudo isso com vistas a gerar um maior impacto nos processos de venda,
propagandas comerciais sĂ£o enviadas e criadas sob medida para cada perfil de
consumo com objetivos precisos, gerar o maior impacto possĂvel no momento
adequado e propicio.
Ao ceder o aval requerido para o uso de
aplicativos ou aparelhos tecnolĂ³gicos conectados a rede abre-se mĂ£o da privacidade
coletiva, informações sobre os comportamentos humanos sĂ£o monetizadas,
vendidas, experimentadas (em nĂ³s mesmos) como um grande experimento sociolĂ³gico
nĂ£o consentido transformando assim a experiĂªncia privada em mercadoria pĂºblica.
Uma vez que, apĂ³s pasteurizada e convertida
em meta dados as nuances do comportamento humano sĂ£o utilizadas em processos
sutis para influenciar de forma continua e diĂ¡ria toda a sociedade, tal modus
operandi Ă© capaz de condicionar e induzir comportamento, sejam eles de consumo,
polĂticos ou sociais, gerando por sua vez um grande abismo epistemolĂ³gico entre
as empresas e seus consumidores resultando dos acessos desiguais ao
aprendizado, uma vez que as empresas tem acesso a todas as informações
possĂveis sobre seus utilizadores enquanto aos consumidores lhes Ă© dado nada
saber a respeito do que se sabe sobre eles, o chamado (BIG Other) o
grande outro (ZUBOFF, 2019).
Sendo assim, o que o que de fato estĂ¡ em jogo
nĂ£o Ă© a privacidade individual, ela tambĂ©m estĂ¡ em jogo, mas na atual conjuntura
o que é diariamente ameaçado é o direito de preservar o direito de escolha e o
libre pensar, o direito opiar e optar, por e em saber o que Ă© feito com os dados
e que tipo de dados é gerado a respeito das informações coletadas sobre o comportamento
humano em rede para tornar claro os tipos e formas de influencias e induções a
quais a sociedade Ă© constantemente submetida.
Bibliografias Consultadas:
ZUBOFF, Shoshana. .The Age of Surveillance Capitalism:
the fight for a human future at the new frontier of powerNova York:Public
Affairs,2019
ZUBOFF, Shoshana. (2015). “Big Other: Surveillance Capitalism and the
Prospects of an Information Civilization”. Journal
of Information Technology.